sexta-feira, 23 de setembro de 2011

IMB - Nove razões para evadir impostos (Concurso IMB)

Nove razões para evadir impostos (Concurso IMB)
por , quarta-feira, 22 de julho de 2009

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Nota do IMB: o artigo a seguir faz parte do concurso de artigos promovidos pelo Instituto Mises Brasil (leia maisaqui). As opiniões contidas nele não necessariamente representam as visões do Instituto e são de inteira responsabilidade de seu autor.


Eliana Tranchesi.jpgNesse artigo apresento os vários motivos que justificam a evasão de impostos, isto é, a recusa de pagá-los. Também irei analisar as objeções mais comuns e, usando de contra-argumentos lógicos, destruí-las completamente.

1º Não pagar imposto é roubo!

R: Roubo de quem? Aquilo que você conquistou com seu trabalho é seu e de mais ninguém. A propriedade das suas coisas é sua por direito - afinal você se esforçou para consegui-la. E agora alguém lhe diz que o fruto do seu esforço não é seu e, portanto, você está roubando? Isso é desculpa que um bandido dá para justificar seu ato! Quem está roubando é o governo, que tira o que é seu por direito. Não há uma única desculpa plausível para cobrar impostos, que são uma clara violação dos Direitos Naturais! Os governos são coletivistas por natureza, sempre tentando justificar todos os seus atos - afinal, se não houver uma boa desculpa, quem pagaria impostos por nada?

2º Pagar impostos é um ato patriótico! Cidadania/Honestidade é medida pelos seus impostos pagos em dia.

R: Pagar impostos é um ato antipatriótico, afinal financia todos os atos horríveis do governo, impondo assim o sofriemento a outros cidadãos inocentes. Cidadania é ser uma boa pessoa e agir estritamente dentro de seus Direitos Naturais; é limitar o máximo possível a depredação da Classe de Bandidos (chamada Estado) sob os seus concidadãos, ajudando-os a evadir impostos e regulamentações. A honestidade é medida não pela obediência ao governo, mas justamente pelo seu oposto: agir em desobediência civil e resistência pacífica, e, é claro, no respeito aos Direitos Naturais de seus concidadãos.

3º Como vamos financiar os serviços X, Y, Z?

R: Existem duas formas de fazer algo: a forma certa e a errada. A forma certa é através do contrato - voluntária e lucidamente. A forma errada é através da imposição de um agente coercivo - o governo. A forma certa é a mais eficiente e a única correta. A forma errada é ineficiente e intolerável (ela é conflitante, afinal os fins não justificam os meios). A resposta para esta pergunta está no Ágora, está no Mercado.

Como as preferências pessoais são subjetivas, apenas o indivíduo pode expressá-las, através daquilo que ele escolhe. É impossível qualquer governo saber de fato o que seus súditos desejam, afinal ele só pode tomar uma decisão padronizada, para uma maioria ou uma minoria. Ele só pode tomar uma decisão por vez, só havendo espaço para uma escolha. Se decidirem, por exemplo, que os carros produzidos por uma companhia estatal serão verdes, não haverá possibilidade de se produzir carros azuis. Cada atitude é comandada de cima para baixo, evariedade é uma palavra que não existe no dicionário governamental. É impossível o governo agradar a todos - logo, qualquer ação será sempre ineficiente. E isso vale para qualquer monopólio instituído por lei.

Mas, por um momento, imaginemos que ele agradasse a todos - pois todos desejariam exatamente a mesma coisa - e o dinheiro fosse usado com 100% de eficiência. Nesse caso, ele seria bom? Não! Afinal, ele é financiado por impostos e o dinheiro que usa para fazer o serviço foi tomado de forma involuntária. O benefício dos serviços é anulado em parte por isso. Mesmo que as pessoas gostassem dos hospitais do governo, por exemplo, elas não necessariamente aprovariam os impostos para sua construção e sua manutenção. Assim, comparando os hospitais particulares com os públicos, os particulares sempre agradariam mais que os públicos, pois foram construídos com dinheiro voluntário. Não importa a riqueza em si, mais sim a nossa felicidade. O governo não adiciona felicidade, ele sempre a subtrai. Algum sádico poderia afirmar que ele pagou voluntariamente o governo e que gostou do serviço. Neste caso, as outras pessoas não-sádicas ou não-masoquistas pagaram obrigadas, e sofreram do mesmo jeito - o que não é justo. O sofrimento do masoquista é sempre voluntário. Experimente, por exemplo, bater em um quando ele não quer. Será que haveria prazer nisso? Não, pois só há prazer em atitudes voluntárias.

Quando o governo age, ele encarece os produtos e serviços, que sofrem competição desleal. O que é compulsório sempre desagrada. Junto com outros problemas intrínsecos, o socialismo (ação governamental) vai sempre ser inferior ao mercado.

4º E os pobres? Precisamos ajudá-los!

R: Concordo, devemos ajudá-los. Mas lembre-se do que eu disse acima, sobre existirem a forma certa e a errada de se fazer as coisas. A ajuda deve ser sempre voluntária. A ajuda governamental piora a situação; ela agrava a pobreza. O Walfare State é a esmola que o pobre recebe para continuar eternamente escravo.

O único modo de vencer a pobreza é através do trabalho inserido no contexto de um mercado, pois somente através de um mercado é possível ser livre de fato. A causa da pobreza persistente (involuntária) é unicamente a falta de liberdade, econômica e pessoal. "Liberdade política" é um contrassenso, afinal, a mera existência de um governo é incompatível com a liberdade.

5º Um governo mínimo é necessário e desejável!

R: Nenhum dos dois! É obvio que uma minarquia é muito melhor que um Welfare State, mas continua sendo um governo. A característica inerente do governo são duas: cobrar impostos e arrogar um monopólio para si. Se ele não cobrasse impostos seria como os traficantes que são financiados voluntariamente, mas que impedem pela violência que outros compitam em sua "área". Se cobrasse impostos (que são sempre involuntários e prejudiciais), mas não praticasse monopólio, os concorrentes rapidamente o passariam para trás. Nos dois casos, o governo é sempre prejudicial e bandido, pois do contrário seria apenas uma empresa como outra qualquer. Para que existir governo se o mercado faz sempre melhor? Se o governo lucra com as semi-estatais hoje em dia, é somente a custo de uma menor taxa de investimento. O crescimento econômico sairá prejudicado. Como sempre, não existem milagres.

6º Sem impostos não haveria governos!

R: Você está certo. Mas a intenção é que não haja governos mesmo!

7º A Anarquia não funcionaria!

R: Então é preciso alguém explicar em qual sentido o estatismo "funciona". As pessoas pensam que se não há governo não há leis. Nada mais falho. As leis verdadeiras são descobertas através da Razão. Roubar não é crime porque está na lei, é crime porque viola os Direitos Naturais. Além disso, todo governo é criminoso per se. Negar a anarquia (e por tanto o mercado) é aceitar governo, e isso é aceitar a escravidão.

8º Sem impostos não há governo e sem governo há Caos!

R: Quem afirma isso não conhece a natureza humana nem o funcionamento do mercado. Aliás, essa visão 'anarquia = caos' é um dos mitos mais difundidos e mais sem sentido que existem. É que as pessoas associam a anarquia com revolução, e logo imaginam os horrores da Revolução Francesa. Aqui nós podemos afirmar que já vivemos parcialmente na "anarquia", que a anarquia pode ser atingida de forma pacífica e que uma revolução não precisa ser tão violenta quanto à francesa.

9º Sem um governo, o mercado seria tomado por criminosos!

R: Visão simplista. Afinal, nós já vivemos em parcial "anarquia". Isso mesmo, pois o governo não comanda todos os detalhes da nossa vida. A maioria das pessoas que vivem imersas no mercado é honesta, talvez 90% do povo. Como explicar então que o mercado atual não é tomado pelos criminosos? Muitos dos ricos são honestos, pois não enriqueceram através da força ou da fraude ou através de ligações políticas (o que dá no mesmo, de qualquer forma). Simplesmente a maior parte da criminalidade e do sofrimento humano é artificial, causados pela mera existência de um governo. Essa afirmação também subestima a capacidade e a inteligência de grande parte do povo.

Cabem então duas perguntas:

Se 90% do povo é honesto, obviamente que a maioria dos comerciantes também o é. Você acredita que, se 90% dos funcionários do governo, incluindo governantes, fosse honesta, o mundo estaria desse jeito?

E mais: como uma organização que deve ter em torno de 15% da população trabalhando para si, consegue juntar tantos bandidos - praticamente a pior parte da população?

Oras o poder é mal per se!

Quem afirma que os criminosos dominariam o mercado, está afirmando também que os governantes são magicamente superiores ao povo - e com isso entraria naturalmente em contradição.

Existe uma coisa chamada "curva de laffer", que diz que se você corta impostos e gastos do governo, a economia cresce e a arrecadação aumenta. Quem evade impostos continua pagando os impostos indiretamente, pois muitas empresas pagam e o custo é inevitavelmente repassado ao consumidor final. Isso significa que uma parte dos impostos é paga e outra não. Isso também quer dizer que os sonegadores de impostos fazem a economia crescer; mais ainda: eles fazem, na realidade, a arrecadação aumentar! Um produtor que evade impostos pode investir mais, contratar mais, gastar mais e ser mais competitivo. Ser competitivo é ter preços mais baixos que a média e uma qualidade mais alta. Isso significara que ele ajuda a acabar com o desemprego, empregando mais e melhor. Isso significa que um produtor de feijão, por exemplo, produz um feijão melhor e mais barato, ajudando assim que os pobres possam comprar mais e erradicar a fome! O desemprego e a fome são criações artificiais do Estado.

Quem está errado então?

A única coisa má que eles podem fazer é que, dependendo da maneira deles agirem, é possível que eles sustentem um regime odioso, tal como ocorreu com a URSS, que em grande parte era sustentado com dinheiro da economia informal. Devemos, portanto, agir de forma mais prudente, evitar os erros do passado e agir de maneira consistente com o credo libertário. Esses homens e mulheres que evadem impostos são grandes heróis!

Ágora, Anarquia, Ação!

Oriom Lisboa é anarcocapitalista e ativista libertário.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

IMB - Steve Jobs e o embelezamento do capitalismo

No dia em que Steve Jobs anunciou que estava deixando o comando da Apple, louvores e aclamações pelo seu trabalho e por suas façanhas irromperam de todos os cantos do planeta (ou da blogosfera, como queira). Ele foi universalmente saudado como um gênio. Ele foi exaltado por ter mudado e aprimorado nossas vidas de várias maneiras. Ele foi tratado como um inovador que se dedicou ao bem-estar da sociedade, e que realizou milagres que nenhum de nós, meros mortais, jamais poderia ter concebido. Ele fez mais do que meramente sonhar; ele de fato agiu e criou uma das maiores empresas do planeta, uma empresa que permitiu que vivenciássemos nossos próprios sonhos.

Tudo isso é verdade. Este tipo de linguagem não apenas é bem-vinda e providencial, como é na verdade magnífica. E o mesmo poderia ser dito sobre milhões de outros grandes empreendedores, tanto dentro quanto fora dos setores de hardware e software. Cada vez que calço um par de tênis, penso nas maravilhas do empreendedorismo e da divisão do trabalho, e em como eles se combinam para deixar meus pés o mais confortável possível. Tenho a mesma consideração para com aqueles que fabricaram minha geladeira, que cultivaram a alface da minha salada, que criaram dispositivos de segurança e sistemas de alarme para minha casa e meu carro, que são proprietários e gerentes de lojas varejistas que vendem de tudo, desde comida para cachorros até clips de papel. O mesmo digo daqueles que me vendem seguros, daqueles que constroem nossas casas e escritórios, e daqueles que tornam possível eu poder comprar uma passagem aérea com poucos cliques em um computador — ou com poucos "deslizamentos de dedos" em um iPad ou em um smartphone.

Todos os empreendedores de uma sociedade merecem essa exaltação, mas também é correto selecionar distintamente Steve Jobs para tal aclamação, pois sua empresa de fato parece ter empurrado a civilização um pouco mais adiante na estrada para o progresso, criando produtos surpreendentes que nos permitem fazer de tudo, desde tocar instrumentos musicais até conversar por videoconferência, e em tempo real, com pessoas que estão do outro lado do mundo. A Apple aprimorou substancialmente nossas vidas — da mesma maneira que todos os empreendimentos capitalistas o fizeram, só que de uma forma mais conspícua.

Ainda assim, há algo um tanto estranho nessa postura mundial em relação a Jobs. Cadeias de restaurante fast-food, rede de lojas e empresas fabricantes de tênis são normalmente submetidas ao escárnio e ao ódio invejoso de uma cultura que possui pouco ou nenhum apreço pelo sucesso empreendedorial. Veja, por exemplo, os ataques inacreditavelmente sórdidos que a esquerda mundial dirige ao Walmart. O "crime" da empresa? Fornecer ao cidadão comum uma enorme variedade de produtos a preços incrivelmente baixos. E nem irei aqui mencionar o dilúvio de ataques diários à mais amada e mais odiada rede de restaurantes fast-food do mundo.

Por que o Walmart é escarnecido pela elite bem pensante, mas Steve Jobs consegue se manter isento das sessões de apedrejamento anticapitalistas que permeiam o mundo dos comentários políticos? Afinal de contas, ele é um bilionário e um capitalista impenitente, que diz ter sido influenciado por Ayn Rand e cuja empresa jamais doou um centavo para esforços filantrópicos. Eu realmente fico contente com tudo isso. É sensacional constatar que ele tem sido tão celebrado. Porém, ainda assim, trata-se de um fenômeno enigmático.

Inúmeras vezes já vi as riquezas da Microsoft serem atacadas porque a empresa faz valer agressivamente seus direitos de patente, os quais obstruem a concorrência e retardam o progresso tecnológico. Porém, raramente vi o mesmo sentimento sendo dirigido à Apple, não obstante o fato de poucas empresas serem tão extremas na defesa de sua "propriedade intelectual" quanto a Apple. Mesmo hoje, a Apple está pressionando e atacando seus concorrentes mais próximos com medidas judiciais exageradas e não justificadas, tudo com o intuito de reforçar sua posição monopolista. Por mais lamentável que isso seja, concordo que tal fato não ofusca as façanhas de Jobs. Afinal, não foi ele quem inventou o sistema de patentes; ele apenas aprendeu a manipulá-lo corretamente. Ainda assim, por que a Microsoft é atacada como uma monopolista perversa enquanto a Apple ganha um passe livre?

E por que essa adulação universal a Steve Jobs não pode ser estendida universalmente para todos? Um artigo naThe Economist notou esses estranhos fatos, e ofereceu uma teoria. A teoria funciona assim:

O senhor Jobs realmente ficou podre de rico ... ao acrescentar um pouco de elegância às vidas dos consumidores vendendo-lhes aparelhos esplendidamente refinados a um preço mais elevado. A vida do americano médio não é, por assim dizer, repleta de objetos com design polido e elegante; e, em vários aspectos, nosso padrão de vida não melhorou em relação ao de nossos pais. Mas a Apple, sob o comando do senhor Jobs, ofereceu ao mercado das massas um deslumbrante e fascinante progresso tecnológico, adornado com um tipo de resplendor luxuoso e de bom gosto que normalmente é reservado apenas para os extremamente abastados. Por tudo isso muitos de nós lhe somos gratos. Ademais, em uma época em que vários estão sofrendo com a insegurança econômica e com a impotência diante de tudo, tecnologias misteriosas como o iPad dão àqueles que podem bancá-las uma sensação escapista de versátil eficácia, a qual não deixa de ser poderosa mesmo sendo só uma fantasia. E realmente, a Apple propagandeou o iPad 2, em reverentes anúncios em estilo cult, como sendo algo "mágico". Ele realiza o extraordinário por meios inconcebíveis, e tudo dentro de uma moldagem arrebatadora. Steve Jobs é o gênio que nos oferece, em troca dos frutos de meros dias ou semanas de trabalho, hipnóticos e fascinantes portais para um mundo melhor, mais bonito e mais encantado, onde podemos ter nossos caprichos satisfeitos pelo toque do dedo indicador.

Em outras palavras, as medidas capitalistas de Jobs foram aclamadas pela atual cultura porque ele criou seus produtos de maneira elegante e conseguiu tornar nossas vidas mais belas. Pode-se dizer que ele democratizou a beleza e, com isso, conseguiu revestir tanto sua empresa quanto ele próprio com uma camada de Teflon, protegendo-se assim contra o monstro da inveja.

Essa teoria parece implausível? Talvez à primeira vista.

Porém, eu diria que há algo de bastante concreto nela. Tenha em mente que o apego da Apple à elegância e à beleza não era uma característica de apenas uma linha de produtos. Era algo generalizado por toda a empresa. Basta apenas comparar o cabo de alimentação de um típico notebook Windows a um cabo de um notebook Mac. O primeiro parece bem industriário, deselegante e incomodativo — uma coisa realmente desagradável de ser olhar. Já o último, implausivelmente, é gracioso e atraente, como uma fonte de vida mais onírica. Esse mesmo senso estético está presente nas caixas nas quais os produtos são empacotados, na maneira como o software funciona, e até mesmo nos fones de ouvido que nos deixam ouvir o que ocorre dentro do iPhone.

E assim, por meio de Jobs, nossas vidas se tornaram não apenas mais proveitosas e eficientes, como também se tornaram mais belas. E esse elemento da produção acaba se revelando de extrema importância, pois ele responde a uma crítica recorrente que vem sendo feito ao capitalismo desde há muito.

Considere esse predominantemente mítico cenário criado por Oscar Wilde, no qual ele discorre sobre como o mobiliário das casas na Grã-Bretanha foi aprimorado no decorrer do século XIX:

O público apegou-se com uma obstinação realmente patética ao que, acredito, eram tradições saídas da Grande Mostra da vulgaridade internacional, tradições tão aterradoras que as residências pareciam adequadas a que nelas morassem apenas pessoas desprovidas do sentido da visão. Mas começaram a surgir coisas belas; das mãos e da imaginação dos artífices nasceram belas cores, belos desenhos. E difundiu-se a beleza, e seu valor e significado. Indignado, o público perdeu a calma. Disse disparates. Ninguém deu a menor importância. Ninguém aceitou a autoridade da opinião pública. E agora é quase impossível entrar em um aposento moderno sem que se veja algum sinal de bom gosto, de valorização de ambientes e apreciação da beleza.

De fato, as residências estão, em regra, muito encantadoras. As pessoas civilizaram-se. Nada mais justo afirmar, no entanto, que o sucesso excepcional da revolução em decoração e mobiliário não se deve a um refinamento do gosto nesse sentido entre a maioria das pessoas. Deve-se principalmente ao fato de que os artífices encontraram um tal prazer na confecção do belo e despertaram para uma consciência tão viva do horror e da vulgaridade daquilo que era objeto da expectativa do público, que eles simplesmente se reacusaram a alimentar seu mau gosto.

Atualmente seria impossível mobiliar um aposento como alguns anos atrás, sem que para isso fosse preciso buscar tudo num leilão de móveis usados, procedentes de algum albergue de terceira categoria. Hoje não se fazem mais coisas como essa.

E assim ele imaginou que os artistas triunfaram sobre o público, impondo bom gosto aos operários e camponeses, os quais, se deixados livres para escolher, teriam se degenerado na cafonice e no mau gosto eternos. O comentário de Wilde surge no meio de um ensaio no qual ele explica como essa política de livrar o mundo da feiúra seria universalizada sob o socialismo. O mercado, regido pela opinião pública, não mais ditaria nada. Os artistas prevaleceriam e comandariam tudo. Todas as coisas seriam enaltecidas e a vida social seria exaltada como uma arte perfeita.

Na visão de Wilde — e ela permanece uma visão comum até hoje —, a única maneira de um enaltecimento cultural desse tipo ocorrer é quando ele de alguma forma for imposto de cima para baixo por seres iluminados e com poderes ditatoriais. Nesse seu relato, ele imagina que, de alguma forma, os "artistas" conseguiram impor suas vontades sobre todo o resto da sociedade.

A questão é que Wilde não entendeu o básico: os artistas que criaram as mobílias aprimoradas eram capitalistas também — capitalistas assim como Steve Jobs. Não é necessário o socialismo e nem muito menos um arranjo totalitário para impor e disseminar esse resultado. É necessário apenas que se permita um florescimento mais diversificado do capitalismo, o qual aumenta a riqueza e, com isso, disponibiliza e torna acessível coisas cada vez mais bonitas para um número cada vez maior de pessoas.

A música é um bom exemplo desse processo em ação. Hoje eu posso ouvir instantaneamente uma quantidade infinita de Schubert, Mahler, Victoria e Peronin, assim como o cara no escritório ao lado pode baixar uma quantidade equivalente de Lynyrd Skynyrd, Van Halen e Led Zeppelin. Desnecessário fazer qualquer julgamento sobre qual é ou qual não é bonito; ambos os tipos de música irão sempre existir em um livre mercado. O desejo por um mundo de perfeita e harmoniosa beleza estética levaria à supressão das preferências de algumas pessoas em prol das de outras.

Um genuíno defensor do mercado tem de estar disposto a enaltecer não somente as coisas elegantes, mas também as coisas mais crassas — ambas são decorrência da liberdade. Há um valor antiquado e fora de moda que precisa ser reaprendido: a tolerância. Nós também precisamos aprender a lição que o economista Leland Yeager frequentemente repete: o mercado não é um teste de beleza e da verdade. Procuramos o mercado para que ele nos dê aquilo de que precisamos. Não devemos esperar que o mercado satisfaça nossos mais altos ideias, os quais se estendem muito além do universo material.

Ludwig von Mises, em seu sensacional livro A Mentalidade Anticapitalista, chama a atenção para a crítica de que o capitalismo não é bonito. Ele é feio, dizem os literatos e bem pensantes. Ele é insolente, desmazelado, materialista e atende aos apelos da estética comum. Essa é uma crítica convencional feita por artistas e intelectuais.

E é isso que fez de Jobs um empreendedor diferenciado. Ele conseguiu criar computadores e sistemas de software que não podiam ser criticados desta forma. Isso solapou exatamente aquilo que vinha sendo uma das principais críticas ao capitalismo por 150 anos. Ele transformou a arte de ganhar dinheiro e de avigorar todo o nosso materialismo em coisas belas e dignas de elogios e louvores. Isso ajudou a amainar essa crítica específica ao capitalismo, a qual nunca foi tão comum e ubíqua quanto é atualmente.

Porém — e eis aqui a ponto essencial —, ele não solapou o mercado para fazer tudo isso; ao contrário, ele utilizou o mercado. Desta forma, ele certamente agiu de forma diferenciada, mas não fez diferente daqueles mesmos empreendedores que embelezaram as mobílias domésticas britânicas.

Eis a versão de Mises sobre como as mobílias domésticas vieram a ser aprimoradas — um belo contraste à versão de Wilde:

Eles comparam, por exemplo, as mobílias antigas preservadas nos castelos das famílias aristocratas europeias e nas coleções de museus, com as peças baratas geradas pela produção em larga escala. Não percebem que esses artigos dos colecionadores foram feitos exclusivamente para os abastados. As arcas entalhadas e as mesas marchetadas não poderiam ser encontradas nas miseráveis choupanas das camadas mais pobres. Quem critica a mobília barata do assalariado norte-americano deveria cruzar a fronteira e examinar as casas dos peões mexicanos, que são destituídas de qualquer mobiliário. Quando a indústria moderna começou a suprir as massas com a parafernália de uma vida melhor, seu principal objetivo era produzir o mais barato possível, sem qualquer preocupação com os valores estéticos. Mais tarde, quando o progresso do capitalismo elevou o padrão de vida das massas, eles voltaram-se pouco a pouco para a fabricação de coisas mais refinadas e bonitas. Somente uma predisposição romântica pode induzir um observador a ignorar o fato de que cada vez mais os cidadãos dos países capitalistas vivem num meio ambiente que não pode ser simplesmente tido como feio.

E Mises estava certo: a maneira de tornar o capitalismo mais bonito é tornando o capitalismo cada vez mais legalizado e universalizado, de modo que todos possam usufruir cada vez mais os produtos criados pelos gênios de nossa época. Ainda assim, a vida jamais será o nirvana que os socialistas imaginam poderem criar se ao menos deixássemos que eles tomassem o poder. Um mundo cafona e com liberdade é incomensuravelmente mais preferível a um mundo bonito de escravidão. Afinal, o mundo jamais viu uma companhia de balé mais perfeita do que aquela que floresceu na mesma época e no mesmo país dos gulags.

O fez com que a gestão de Jobs no comando da Apple fosse tão impecável foi o fato de ele ter casado lucros com amabilidade estética. Não é todo empreendedor que pode ou deve fazer isso. Mesmo os empreendedores que fornecem às massas coisas deselegantes e surradas são tão merecedores de nossa admiração e enaltecimento quanto Jobs, pois eles também se esforçam para nos retirar do estado de pobreza e privação — o qual, afinal de contas, é o estado natural da humanidade.

Por fim, além da beleza de determinados produtos ou da elegância do smartphone, há uma outra beleza universalmente abrangente que vemos no mercado: uma fascinante, ordeira, metódica e produtiva matriz global de trocas voluntárias e cooperativas, as quais geram prosperidade para todos os seres humanos. E tudo isso sem que haja um ditador global controlando tudo. Eis aí um sistema mais belo do que qualquer produto já criado por Steve Jobs.

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Assista, com legendas em português, a este impecável discurso de Jobs, proferido para alunos graduandos da Universidade de Stanford.








Jeffrey Tucker

é o editor do mises.org e autor do livro Bourbon for Breakfast: Living Outside the Statist Quo


Tradução de Leandro Roque


quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Top Ten Myths about Homosexuality – Post #2 of 2010 | Tough Questions Answered

Top Ten Myths about Homosexuality – Post #2 of 2010 | Tough Questions Answered:

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10 CONSELHOS PARA OS JOVENS RESISTIREM AO SEXO ANTES DO CASAMENTO.


O pregador batista norte-americano Billy Graham que foi conselheiro espiritual de vários presidentes americanos e é considerado um dos mais influentes escritores cristãos compartilha de dez conselhos para os jovens a cerca de cuidados para que não venham cometer o ato sexual antes do momento “certo”.

Confira abaixo os conselhos dado por Graham:

1) Evite más companhias. Se você andar com maus elementosficará dominado por eles. A Bíblia diz: “Retirai-vos do meio deles, não toqueis em coisas impuras” (II Co. 6):

2) Evite o segundo olhar. Você não pode controlar o primeiro, mas pode evitar o segundo, que se torna cobiça.

3) Discipline suas conversas. Evite piadas e histórias com sentido duvidoso. “As más conversações corrompem os bons costumes” (I Co 15:33).

4) Tenha cuidado com a maneira de vestir-se. Deve ser um assunto entre você e Deus as roupas que usa. Uma jovem recém-convertida falou: De agora em diante vou vestir-me como se Jesus fosse o meu acompanhante.

5) Escolha cuidadosamente os filmes e programas de televisão que assiste.

6) Tome cuidado com o que você lê. Muito da literatura contemporânea apela ao instinto sexual.

7) Esteja em guarda com respeito a seu tempo de folga. Davi tinha o tempo em suas mãos, viu Beteseba e caiu em complicações.

8) Faça uma regra de nunca se envolver em namoro pesado. Jovens cristãos deviam orar antes de cada encontro. A moça que tem Jesus Cristo em seu coração possui um poder sobrenatural para dizer “não” aos avanços de qualquer rapaz. E o rapaz que conhece Jesus Cristo tem poder para disciplinar sua vida.

9) Invista grande parte de seu tempo lendo as Escrituras - “Guardo no meu coração a tua palavra para não pecar contra ti”. (Sl 119:11) – Memorize versículos e quando a tentação chegar, cite-os. A palavra de Deus é a única coisa à qual satanás não pode se opor.

10) Cultive a Cristo em seu coração e vida. Deus o ama e uma forte fé Nele tem livrado a muitos homens e mulheres de cometer imoralidades (I Jo 2:14).

Por: Billy Graham

Fonte: Gospel+
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Bíblia nos adverte de que não podemos coabitar (fazer sexo) com um(a) parceiro(a) antes de casar. Isto é o pecado da fornicação* e é abominável ao Senhor. Nosso corpo é o templo do Espírito Santo, portanto não podemos fazer o que bem queremos ou entendemos com ele:

"Fugi da impureza. Qualquer outro pecado 
que uma pessoa cometer é fora do corpo; mas aquele que pratica a imoralidade peca contra o próprio corpo. Acaso, não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que está em vós, 
o qual tendes da parte de Deus, 
e que não sois de vós mesmos?" 
1 CORÍNTIOS 6:18-19

As escrituras condenam a sensualidade e o uso do corpo para o prazer próprio: "Os alimentos são para o estômago, e o estômago, para os alimentos; mas Deus destruirá tanto estes como aquele. Porém o corpo não é para a impureza, mas, para o Senhor, e o Senhor, para o corpo. Não sabeis que os vossos corpos são membros de Cristo? E eu, porventura, tomaria os membros de Cristo e os faria membros de meretriz? Absolutamente, não. Ou não sabeis que o homem que se une à prostituta forma um só corpo com ela? Porque, como se diz, serão os dois uma só carne." 1 CORÍNTIOS 6:13,15-16.

Portanto sede santos, como Cristo é Santo!

Busque a santidade e viva para servir ao Senhor Jesus!

A paz do Senhor!

Missionária: KÁTIA TRIBIOLLI

Top Ten Myths about Homosexuality – Post #2 of 2010

300px Sexual orientation   4 symbols Top Ten Myths about Homosexuality   Post #2 of 2010
Image via Wikipedia
Post Author: Bill Pratt
I have  written previously on why the state should not endorse gay marriage. I received numerous comments on that post and if you bother to read through all of them, you will find that they quickly move toward the question of whether the gay lifestyle is good for those in it and whether those in it should be raising children.
As a continuation of that discussion, I want to point my readers to a pamphlet written by the Family Research Council called “The Top Ten Myths About Homosexuality.” The pamphlet is well written and seems to be well researched, with copious citations of scientific papers.
Below are the ten myths which are expanded upon in the article.
Myth No. 1: People are born gay.
Fact: The research does not show that anyone is “born gay,” and suggests instead that homosexuality results from a complex mix of developmental factors.
Myth No. 2: Sexual orientation can never change.
Fact: Thousands of men and women have testified to experiencing a change in their sexual orientation from homosexual to heterosexual. Research confirms that such change does occur—sometimes spontaneously, and sometimes as a result of therapeutic interventions.
Myth No. 3: Efforts to change someone’s sexual orientation from homosexual to heterosexual are harmful and unethical.
Fact: There is no scientific evidence that change efforts create greater harm than the homosexual lifestyle itself. The real ethical violation is when clients are denied the opportunity to set their own goals for therapy.
Myth No. 4: Ten percent of the population is gay.
Fact: Less than three percent of American adults identify themselves as homosexual or bisexual.
Myth No. 5: Homosexuals do not experience a higher level of psychological disorders than heterosexuals.
Fact: Homosexuals experience considerably higher levels of mental illness and substance abuse than heterosexuals. A detailed review of the research has shown that “no other group of comparable size in society experiences such intense and widespread pathology.”
Myth No. 6: Homosexual conduct is not harmful to one’s physical health.
Fact: Both because of high-risk behavior patterns, such as sexual promiscuity, and because of the harm to the body from specific sexual acts, homosexuals are at greater risk than heterosexuals for sexually transmitted diseases and other forms of illness and injury.
Myth No. 7: Children raised by homosexuals are no different from children raised by heterosexuals, nor do they suffer harm.
Fact: An overwhelming body of social science research shows that children do best when raised by their own biological mother and father who are committed to one another in a lifelong marriage. Research specifically on children of homosexuals has major methodological problems, but does show specific differences.
Myth No. 8: Homosexuals are no more likely to molest children than heterosexuals.
Fact: Sexual abuse of boys by adult men is many times more common than consensual sex between adult men, and most of those engaging in such molestation identify themselves as homosexual or bisexual.
Myth No. 9: Homosexuals are seriously disadvantaged by discrimination.
Fact: Research shows that homosexuals actually have significantly higher levels of educational attainment than the general public, while the findings on homosexual incomes are, at worst, mixed.
Myth No. 10: Homosexual relationships are just the same as heterosexual ones, except for the gender of the partners.
Fact: Homosexuals are less likely to enter into a committed relationship, less likely to be sexually faithful to a partner, even if they have one, and are less likely to remain committed for a lifetime, than are heterosexuals. They also experience higher rates of domestic violence than heterosexual married couples.
I ask you to go read the entire article to get the details behind these claims; they are backed up by research citations. The bottom line is this: science shows that the gay lifestyle is generally destructive of those in it and we should not, as a society, be promoting it.
Does this mean that every gay person experiences the problems cited in the research? Obviously not. We’re dealing with statistics and probabilities, so there are absolutely gay people who are exceptions to the research findings. However, the gay marriage movement is asking for a state endorsement of their lifestyle, and the only way we can approach this issue is to look statistically at those who practice the lifestyle. Top Ten Myths about Homosexuality   Post #2 of 2010
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IMB - Um tributo ao comércio

IMB - Um tributo ao comércio

A imagem das torres gêmeas do World Trade Center desmoronando, resultado de um ato de agressão deliberada, pareceu simbolizar dois pontos que hoje parecem completamente esquecidos: a magnífica contribuição que o comércio trouxe para a civilização, e o quão vulnerável ele é perante seus inimigos. Se os inimigos do comércio capitalista estiverem firmemente decididos a destruir sua fonte de riqueza, há poucos meios disponíveis para impedir isso.

As duas torres eram gloriosas, principalmente pelo fato de elas terem sido construídas não para ostentar a glória do estado — como tantas outras edificações —, mas sim para exibir o poder criativo da economia capitalista. Elevando-se sublimemente a 400 metros acima da cidade de Nova York, uma pessoa no 110º andar podia usufruir uma vista panorâmica que alcançava 90 quilômetros de distância: uma ampla visão da civilização humana. Muito mais importante para o desenvolvimento da civilização era tudo aquilo que ocorria dentro das torres: empreendedorismo, criatividade, trocas, comércio, serviços — tudo de maneira pacífica, tudo para o benefício da humanidade.

Qual tipo de serviço? No WTC havia corretores que investiam a poupança dos cidadãos comuns, fazendo o possível para canalizar recursos para os investimentos mais produtivos. Havia seguradoras, que ofertavam o valioso serviço de resguardar vidas e propriedades contra acidentes. Havia inúmeros varejistas, que arriscavam seu próprio sustento para fornecer aos cidadãos bens e serviços que eles, como consumidores, desejavam. Havia financiadores, advogados, representantes e arquitetos, pessoas cujas contribuições são absolutamente essenciais para o bem-estar das pessoas que vivem em uma economia de mercado.

Alguns de nós conhecíamos homens e mulheres que lá trabalhavam e que agora estão mortos. Porém, a maioria dos mortos continuará sendo anônima para todos. Se os conhecíamos ou não, o fato é que tais pessoas foram indiscutivelmente benfeitoras para todos nós, pois, na sociedade comercial, as ações de empreendedores beneficiam a todos, independentemente de onde estejam, e da maneira mais imperceptível que se possa imaginar. Todos eles contribuem para formar o estoque de capital sobre o qual toda a prosperidade se baseia. Eles trabalham diariamente para coordenar o uso e a alocação de recursos de maneira a eliminar desperdícios e ineficiências, sempre se esforçando para criar produtos e serviços que irão melhorar nossa vida e nosso cotidiano.

Pense especialmente nas extraordinárias pessoas daquele local, as quais trabalhavam para facilitar o comércio internacional. Elas diariamente realizavam aquilo que aparentemente é impossível. Lidando com um mundo de mais de 200 países e centenas de outras linguagens e dialetos, com várias moedas e regimes governamentais, milhares de diferenças culturais locais e bilhões de consumidores, elas sempre descobriam maneiras de possibilitar o comércio pacífico. Elas procuravam e agarravam cada oportunidade surgida que possibilitasse a cooperação humana.

Nenhum governo jamais conseguiu efetuar algo tão extraordinário quanto isso. Trata-se de um milagre tornado possível pelo comércio, e por todos aqueles que se submetem ao fardo de possibilitar que ele ocorra.

Frequentemente ouvimos trivialidades sobre a 'fraternidade' entre os homens. Mas você não vê isso ocorrendo nas Nações Unidas ou nas reuniões de cúpulas entre governos. Nessas ocasiões você vê apenas conflitos, os quais sempre são solucionados com a utilização de dinheiro tomado à força de terceiros. Porém, no World Trade Center, a fraternidade entre os homens era uma preocupação diária.

Não importava se você era um pequeno vendedor de tapetes no Nepal, um pescador da costa chinesa, ou um fabricante de máquinas no meio-oeste americano — as pessoas que trabalhavam no WTC colocavam você em contato com outras que valorizavam o que você fazia e o que você podia fazer por outros. Consentimento e escolha, e não conflito e coerção, eram a tônica de tudo. A palavra de ordem era contrato, e não hegemonia.

É claro que o objetivo de todos esses comerciantes e corretores era melhorar sua situação pessoal; porém, para conseguir isso, eles tinham de servir a todos. O efeito do trabalho deles era servir não apenas a si próprios, mas a todo o resto do mundo também. Uma vez que os efeitos benéficos do comércio não são apenas locais ou nacionais, mas sim internacionais, as pessoas que trabalhavam naquelas torres eram, de muitas maneiras, benfeitoras de todos nós pessoalmente. As bênçãos de seu trabalho eram explicitadas para nós todas as vezes que utilizávamos um cartão de crédito internacional, sacávamos dinheiro de caixas automáticos, comprávamos bens em um estabelecimento pertencente a uma cadeia de lojas, ou comprávamos algo pela internet.

Em suma, essas pessoas eram produtoras. Frédéric Bastiat certa vez as descreveu dizendo que elas são pessoas que "criam, do nada, as satisfações que sustentam e embelezam a vida, de modo que um indivíduo ou um povo torna-se capaz de multiplicar essas satisfações indefinidamente sem infligir privações de qualquer tipo sobre outros homens ou outros povos."

Sim, elas obtinham lucros. Porém, durante a maior parte do tempo, seu trabalho não era recompensado. Ele certamente era desconsiderado e não apreciado pela cultura em geral. Tais pessoas não eram chamadas de 'servidoras públicas'. Elas não eram louvadas por seus sacrifícios ao bem comum. A cultura popular tratava esses "centros financeiros" como fontes de ganância e corrupção. Sempre dizem que tais pessoas são a causa da destruição ambiental e da exploração da mão-de-obra dos pobres e oprimidos, e que os "globalistas" dentro do WTC estavam conspirando não para criar, mas para destruir. Mesmo após toda a destruição acarretada pelo socialismo, são os capitalistas que ainda têm de suportar e absorver silenciosamente o ódio dos invejosos.

A ânsia de odiar a classe empreendedorial sempre se manifesta em uma miríade de formas. Vemos isso quando lanchonetes do McDonald's são apedrejadas, como ocorre frequentemente ao redor do mundo. Vemos isso quando jovens desinformados e manipulados protestam contra a globalização e o livre comércio. Vemos isso quando governos proíbem usos comerciais de determinados pedaços de terra, ou quando inúmeras regulamentações são criadas na suposição de que a classe empreendedorial existe para nos espoliar, e não para nos servir — regulamentações essas criadas por pessoas, essas sim, que estão lá para nos espoliar e não para nos servir. Os jornais frequentemente pontificam sobre a vilania, e não sobre as benesses, da livre iniciativa. Em última instância, apenas dê uma olhada em um típico currículo universitário, no qual os estudantes ainda são obrigados a ler Marx e os marxistas, e nada se fala sobre Mises e os misesianos.

Todos os inimigos do capitalismo agem como se sua eliminação não fosse trazer absolutamente nenhuma consequência negativa para nossas vidas. Nas salas de aula, na televisão, no cinema, somos continuamente apresentados a uma visão idílica de como desfrutaríamos um mundo perfeito e bem-aventurado caso pudéssemos nos livrar daqueles que ganham a vida criando e acumulando riqueza.

De fato, por centenas de anos, as classes intelectuais exigiram a expropriação e até mesmo o extermínio dos capitalistas expropriadores. Desde a antiguidade, o comerciante e sua atividade têm sido considerados desprezíveis. E a verdade é que sua ausência nos reduziria à barbárie e à pobreza abjeta. Mesmo hoje, a destruição da propriedade e das pessoas que trabalhavam nas até então poderosas torres já nos empobreceu de várias maneiras, as quais jamais poderemos saber detalhadamente.

Aqueles que entendem economia e que celebram o poder criativo do comércio entendem essa verdade eminente, e é por isso que defendemos a economia de mercado a cada oportunidade que temos. É por isso que buscamos eliminar as barreiras que governos e anticapitalistas erigem contra a liberdade dos empreendedores. Nós os vemos como defensores da civilização e por isso procuramos defender seus interesses de todas as maneiras possíveis.

Estamos em luto pelas vidas daqueles que trabalhavam nas torres do World Trade Center, o qual não existe mais. Condoemo-nos pelas suas vocações perdidas. Temos para com eles uma dívida: apreciar sob uma nova luz a sua contribuição e a de toda a sua classe para a sociedade. Como disse Mises:

Nenhum indivíduo poderá estar seguro se a sociedade em que vive estiver se encaminhando para a destruição. Portanto, cada indivíduo, para seu próprio bem, deve se lançar vigorosamente nesta batalha intelectual. Ninguém pode se dar ao luxo de ficar indiferente e impávido; os interesses de todos dependem do resultado. Queira ou não, cada homem fará parte dessa grande batalha histórica, essa batalha decisiva em que fomos jogados pelos atuais eventos.

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Texto escrito originalmente no dia 12/09/2001


Lew Rockwell

é o presidente do Ludwig von Mises Institute, em Auburn, Alabama, editor do website LewRockwell.com, e autor dos livros Speaking of Liberty e The Left, the Right, and the State.


Tradução de Leandro Augusto Gomes Roque