quarta-feira, 28 de setembro de 2011

IMB - "Anticomunismo" versus capitalismo

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IMB - "Anticomunismo" versus capitalismo

"Anticomunismo" versus capitalismo
por , segunda-feira, 26 de setembro de 2011

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anticomunismo.jpgNunca e em lugar algum do universo existe estabilidade e imobilidade. Mudança e transformação são características essenciais da vida. Cada estado de coisas é passageiro; cada época é uma época de transição. Na vida humana nunca há calma e repouso. A vida é um processo e não a permanência no status quo. Ainda assim, a mente humana tem sempre a ilusão de uma existência imutável. O objetivo declarado de todos os movimentos utópicos é o de dar fim à história e de estabelecer uma calma final e permanente.

Os motivos psicológicos desta tendência são óbvios. Cada mudança altera as condições externas de vida e de bem-estar e força as pessoas a se ajustarem de novo às modificações de seu meio. Ela atinge interesses velados e ameaça as formas tradicionais de produção e consumo. Atrapalha todos os que são intelectualmente inertes e faz com que revejam sua maneira de pensar. O conservadorismo é contrário à própria natureza da ação humana. Mas sempre foi o programa acalentado pela maioria, pelos inertes, que obstinadamente resistem a todas as tentativas de melhorar suas próprias condições, melhora essa que a minoria dos ativos iniciou. Ao empregar o termo reacionário, quase sempre faz-se referência apenas aos aristocratas e sacerdotes que chamavam seus partidos de conservadores. Mas os melhores exemplos do espírito reacionário foram dados por outros grupos: pelas corporações de artesãos que impediam o acesso à sua especialidade aos recém-chegados; pelos fazendeiros que exigiam proteção tarifária, subsídios e "equiparação de preços"; pelos assalariados hostis ao progresso tecnológico e que instigavam o sindicato a forçar o empregador a contratar mais operários do que o necessário para um determinado serviço, e outras práticas similares.

A inútil arrogância dos escritores e dos artistas boêmios considera as atividades dos homens de negócios como pouco intelectuais e enriquecedoras. A verdade é que os empresários e os organizadores de empresas comerciais demonstram maior capacidade intelectual e intuitiva do que o escritor e o pintor médio. A inferioridade de muitos intelectuais se manifesta exatamente no fato de eles não reconhecerem o quanto de capacidade e raciocínio é necessário para desenvolver e fazer funcionar com sucesso uma empresa comercial.

O surgimento de uma classe numerosa desses frívolos intelectuais é um dos fenômenos menos desejáveis da era do capitalismo moderno. Sua atividade importuna impede a discriminação das pessoas. São uma praga. Seria desejável que algo fosse feito para refrear sua confusão ou, melhor ainda, eliminar totalmente suas rodas e grupos sociais.

A liberdade é, porém, indivisível. Qualquer tentativa de restrição da liberdade dos importunos e decadentes literatos e pseudo-artistas iria investir as autoridades do poder de determinar o que é bom e o que é mau. Iria socializar o esforço intelectual e artístico. Talvez não excluísse as pessoas inúteis e discutíveis; mas é certo que iria colocar obstáculos insuperáveis no caminho dos gênios criativos. Os poderes vigentes não gostam de novas ideias, de novas maneiras de pensar e de novos estilos de arte. Opõem-se a qualquer tipo de inovação. Sua supremacia resultaria numa absoluta arregimentação; provocaria estagnação e decadência.

A corrupção moral, a licenciosidade e a esterilidade intelectual de uma classe de pretensos autores e artistas é o preço que a humanidade deve pagar a fim de que pioneiros inventivos não sejam impedidos de concluir seus trabalhos. A liberdade deve ser garantida a todos, até mesmo aos mais humildes, a fim de que os poucos que podem utilizá-la em benefício da humanidade não sejam impedidos. A liberdade de ação que tinham os miseráveis personagens do Quartier Latin foi um dos motivos que tornou possível o surgimento de alguns grandes escritores, pintores e escultores. A primeira coisa de que um gênio necessita é de respirar ar puro.

Afinal não são as frívolas doutrinas dos boêmios que causam o desastre, mas sim o fato de o público estar pronto a aceitá-las favoravelmente. O mal está na reação a essas pseudofilosofias por parte dos modeladores da opinião pública e, em seguida, por parte das massas mal-orientadas. As pessoas apressam-se a apoiar as doutrinas que consideram como modernas a fim de não serem consideradas ultrapassadas e retrógradas.

A ideologia mais perniciosa dos últimos sessenta anos foi o sindicalismo de George Sorel e seu entusiasmo pelaaction directe. Gerada por um frustrado intelectual francês, logo cativou os literatos de todos os países europeus. Foi fator de grande importância na radicalização de todos os movimentos subversivos. Influenciou o monarquismo francês, o militarismo e o antissemitismo. Desempenhou um papel importante na evolução do bolchevismo russo, do fascismo italiano, bem como no movimento alemão de jovens que finalmente resultou no nazismo. Transformou partidos políticos desejosos de vencer através de campanhas eleitorais em facções que acreditavam na organização de grupos armados. Conduziu ao descrédito o governo representativo e a "segurança burguesa", e preconizou tanto a guerra civil como a guerra com outros países. Seu principal sloganera: violência e mais violência. O atual estado de coisas na Europa é em grande parte resultado da influência dos ensinamentos de Sorel.

Os intelectuais foram os primeiros a aclamar as ideias de Sorel; eles as tornaram populares. Porém, o teor do sorelismo era obviamente anti-intelectual. Era o oposto do raciocínio ponderado e da discussão sensata. O que conta para Sorel é exclusivamente a ação, ou seja, o ato de violência por amor à violência. Lutar por um mito, fosse qual fosse o seu sentido, era seu lema. "Se você se situa no campo dos mitos, ficará a salvo de qualquer tipo de contestação crítica."[1]Que filosofia maravilhosa, destruir por amor à destruição! Não fale, não pense, mate! Sorel despreza o "esforço intelectual" até mesmo dos campeões literários da revolução. O objetivo essencial do mito é "preparar as pessoas para lutarem pela destruição do que existe".[2]

Não obstante, a culpa pela propagação da pseudofilosofia destruidora não cabe nem a Sorel nem a seus discípulos Lenin, Mussolini e Rosenberg, nem aos bandos de literatos e artistas irresponsáveis. O desastre teve origem porque, por muitas décadas, quase ninguém se aventurou a examinar criticamente ou a acionar a consciência dos bandidos fanáticos. Até os autores que se abstiveram de endossar francamente as ideias da violência temerária estavam ansiosos por encontrar uma interpretação simpática para os piores excessos dos ditadores. As primeiras objeções tímidas só apareceram quando — na verdade, muito tarde — os cúmplices intelectuais dessas políticas começaram a perceber que nem mesmo o apoio entusiasta à ideologia totalitária os eximia da tortura e da morte.

Existe hoje uma falsa frente anticomunista. O que as pessoas — que se denominam "liberais anticomunistas" e que mais corretamente são chamadas de "anti-anticomunistas" pelas pessoas sensatas — estão desejando é o comunismo sem as características inerentes e necessárias ao comunismo, que ainda são insuportáveis para os norte-americanos. Elas fazem uma distinção ilusória entre comunismo e socialismo e — bem paradoxalmente — procuram reforçar sua escolha de socialismo não comunista com base no documento que seu autor chamouManifesto Comunista. Julgam terem autenticado sua afirmação ao apelidarem o socialismo de planejamento ou de estado previdenciário. Fingem rejeitar as aspirações revolucionárias e ditatoriais dos "vermelhos" e, ao mesmo tempo, enaltecem em livros e revistas, escolas e universidades, Karl Marx, o líder da revolução comunista e da ditadura do proletariado, como um dos maiores economistas, filósofos e sociólogos, como eminente benfeitor e libertador da humanidade. Querem levar-nos a crer que o totalitarismo não totalitário, uma espécie de quadrado triangular, é o remédio reconhecido para todas as doenças. Sempre que levantam uma leve objeção ao comunismo, são levadas a insultar o capitalismo, usando termos tirados do injuriante vocabulário de Marx e de Lenin. Elas insistem em abominar o capitalismo de forma muito mais veemente do que o comunismo e justificam todos os atos indecentes dos comunistas com base nos horrores indescritíveis do capitalismo. Em resumo: Fingem lutar contra o comunismo ao tentarem converter as pessoas às ideias doManifesto Comunista.

mentalidade.jpgTais "liberais anticomunistas" não lutam contra o comunismo em si, mas contra um sistema comunista no qual eles não são responsáveis. Estão à procura de um sistema socialista, isto é, comunista, no qual eles mesmos ou os seus amigos mais próximos detenham as rédeas do governo. Talvez seja exagero dizer que estão ardendo de vontade de liquidar outras pessoas. Simplesmente desejam não ser liquidadas. Numa comunidade socialista, apenas o chefe supremo e seus cúmplices têm essa segurança.

Um movimento "antiqualquer-coisa" demonstra uma atitude puramente negativa. Não tem a menor chance de sucesso. Suas críticas acerbas virtualmente promovem o programa que atacam. As pessoas devem lutar por algo que desejam realizar e não simplesmente evitar um mal, por pior que seja. Devem, sem quaisquer restrições, apoiar o programa da economia de mercado.

O comunismo teria hoje, após a desilusão causada pelas façanhas dos soviéticos e das lamentáveis falhas de todas as experiências socialistas, pouquíssimas chances de êxito no ocidente, não fosse esse anticomunismo falsificado.

A única coisa que pode impedir as nações civilizadas da Europa Ocidental, da América e da Austrália de serem escravizadas pelo barbarismo de Moscou é o amplo e irrestrito apoio ao capitalismo laissez-faire.

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[1] Cf. O. Sorel, Reflexions sur Ia violence, 3 ed., Paris, 1912, p. 49.

[2] Cf. Sorel, I. c. p. 46.

[Este artigo foi extraído do capítulo V do livro A Mentalidade Anticapitalista]

Ludwig von Mises foi o reconhecido líder da Escola Austríaca de pensamento econômico, um prodigioso originador na teoria econômica e um autor prolífico. Os escritos e palestras de Mises abarcavam teoria econômica, história, epistemologia, governo e filosofia política. Suas contribuições à teoria econômica incluem elucidações importantes sobre a teoria quantitativa de moeda, a teoria dos ciclos econômicos, a integração da teoria monetária à teoria econômica geral, e uma demonstração de que o socialismo necessariamente é insustentável, pois é incapaz de resolver o problema do cálculo econômico. Mises foi o primeiro estudioso a reconhecer que a economia faz parte de uma ciência maior dentro da ação humana, uma ciência que Mises chamou de "praxeologia".

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Reflexões sobre o Preconceito


sexta-feira, 23 de setembro de 2011


Roberto Cavalcanti
INTRODUÇÃO
Ultimamente, a sociedade ocidental vem tendo seus fundamentos minados por um movimento contra-cultural que convencionou-se denominar como o “politicamente correto”. Os mentores desse movimento são ideólogos marxistas que criaram um engenhoso meio de adestrar a população vencendo-a pela linguagem, com o propósito de obter sua rendição cultural, subvertendo as relações sociais no âmbito da sociedade tradicional. A lógica do movimento é clara: promover a igualdade através de uma silenciosa guerra cultural. Mudam a linguagem para controlar a comunicação, recriando o próprio idioma, revisando e subvertendo conceitos-chave a fim de acomodar a sociedade a um viés igualitário.
Assim, mudando a linguagem dão nova roupagem à interpretação dos fatos, antes tratados de maneira neutra, são agora reinventados pela ideologia, revestida pela ética do marxismo. Desta forma, a comunicação não é mais um fenômeno espontâneo, geralmente vindo de baixo pra cima, mas, ao contrário, impositivo, resultado de técnicas de adestramento coletivo imprimidas pela ideologia dominante. Quando se fala do preconceito enquanto fenômeno a ser estudado no âmbito ideológico, não se fala do seu verdadeiro sentido etimológico. A etimologia da palavra como um “conceito ou opinião formada antecipadamente, sem maior ponderação ou conhecimento dos fatos. Calcado no francês préconçu"[1] é então substituída por outro significado: aversão e intolerância, geralmente dirigida contra grupos minoritários supostamente desfavorecidos.Desfigurado de seu real significado, o termo preconceito passou a abrigar um sentido completamente distorcido, para então ganhar a projeção social reservada aos propósitos do politicamente correto.
Combater o preconceito virou sinônimo de combater a “aversão”, o “ódio” e a “intolerância” a grupos minoritários, propiciando, assim, o surgimento de uma sociedade mais igualitária e promíscua, isto é, menos sensível às diferenças entre raças, religiões, sexos, preferências sexuais etc. Em uma simples operação de manipulação semântica, transforma-se a linguagem com o escopo de lucrar politicamente. É obra, portanto, de pura engenharia social, não apenas no Brasil, mas mundialmente.É nisso que consiste o fenômeno do politicamente correto. Uma revolução pela via da manipulação semântica.
E isso não é feito apenas com o termo “preconceito”, mas com outros termos como “tolerância” e “discriminação”, palavras que acabam sendo desintegradas de um contexto para serem seletivamente aplicadas ao sabor da ideologia igualitária. O termo “preconceito” ganha aqui mais relevo, pois ao contrário dos dois outros termos citados, é uma completa desfiguração semântica. É obra da revolução, do marxismo cultural, pois busca reeducar o indivíduo através de uma nova linguagem, mais aderente aos seus propósitos ideológicos, passando-se a cultuar o oprimido pela via da linguagem. O politicamente correto é, por assim dizer, o idioma oficial da esquerda; o idioma oficial do igualitarismo, e todo idioma para servir a tais propósitos deve ser bem comunicado.
E, assim, num toque de varinha de condão ideológica, como obra da revolução, uma palavra absolutamente neutra passou a portar uma fortíssima carga semântica negativa. Pode-se dizer seguramente que o “preconceito” se transformou no vício por excelência desta nova religião igualitária: o politicamente correto. Acusar alguém de “preconceito” é projetar-lhe o mal. Preconceito é uma verdadeira heresia da sociedade contemporânea. Incorrer em “preconceito” é simplesmente praticar “o mal”. Isto se explica naturalmente porque ter ou não preconceitos é interpretar a nova ordem moral desta nova sociedade, que acabou superando conceitos como “bem” e “mal”, que passam a ser termos relativos e ultrapassados. A igualdade imprime esta nova ordem ética – do ter ou não ter preconceito – para moldar as relações sociais contemporâneas.
Como visto, na luta contra os preconceitos ocultam-se os estandartes vermelhos do marxismo cultural e sua ferramenta verborrágica do politicamente correto. Trata-se, pois, da tentativa do triunfo sobre a estrutura tradicional da linguagem dando lugar a uma nova ordem semântica a ser comunicada: a utopia semântica que encontra no “preconceito” sua representação mais fiel. Com efeito, o recorrente uso da palavra “preconceito” vem a significar uma verdadeira guerra contra a tradição; uma guerra aos costumes tradicionais, visando apagar os seus vestígios para a implantação de uma nova sociedade: a sociedade igualitária, que é caracterizada pela ausência de toda sorte de distinções.
Deste modo, as presentes linhas visam demonstrar que a demonização do “preconceito” responde por um processo de decomposição intelectual da sociedade. Em outras palavras, sintoma de completo retardamento coletivo.
O QUE É PRECONCEITO?
Preconceito não é ódio. Nem aversão. Nem intolerância. É bem verdade que determinada pessoa pode, sob o véu do preconceito, encobrir sentimentos de ódio, aversão ou intolerância, mas o juízo extraído de uma comunicação nem por isso tem o condão de distorcer o significado de determinado termo. Por exemplo: uma determinada tese pode muito bem soar como absurda, mas nem por isso “tese” significa “absurdo”. A comunicação tornou-a absurda, mas nem por isso a tese perdeu seu significado de tese. Com o preconceito é a mesma coisa. Não é a percepção do sujeito que altera o significado do objeto, que permanece unívoco. Não é porque um carro pode ser usado como arma que vou chamar um carro de arma. Carro não é arma. Assim, é completamente equivocada a idéia de tomar preconceito como sinônimo de ódio, aversão ou intolerância.
Preconceito, como morfologicamente se explica, funciona como um juízo pré-concebido, como uma idéia não muito amadurecida sobre determinado objeto. Esta idéia formulada sem muita segurança encontra-se em estado de tensão com um conceito. É um estado de tensão, pois não há segurança ainda firme na formulação desta idéia. O que caracteriza o preconceito é justamente isso: ao contrário da ciência, que é conhecimento certo e seguro, o preconceito é conhecimento inseguro.Mas nem por isso deixa de ser conhecimento. Preconceito pertence ao mundo das idéias. Por isso é sempre imaginário, abstrato e nunca concreto. Fosse concreto, já não seria mais preconceito, mas conceito. Preconceito pode, então, significar premissa; pressuposição; proposição; previsão; tese.
Tentar eliminar preconceitos de alguma pessoa é uma luta perdida, pois o preconceito é da natureza humana. É um equívoco pensar que mesmo uma criança poderá ser educada livre de preconceitos.Como acentua Theodore Dalrymple em seu livro “In Praise of Prejudice”: “uma criancinha, constantemente consultada sobre seus gostos e desgostos, aprende que a vida é e deve ser governada por gostos e desgostos. Ela não é livre de preconceitos simplesmente porque é livre dos preconceitos dos seus pais. Pelo contrário, ela é uma escrava de seus próprios preconceitos.”[2]
O QUE HÁ DE IMORAL NO PRECONCEITO?
Rigorosamente nada. Faz parte da nossa natureza elaborar cálculos psíquicos tendentes ao enfrentamento de determinadas situações. Um exemplo é o cão pitbull. Pela experiência somos ensinados a evitá-los, pois geralmente são cães agressivos e perigosos. Isso não significa que todos os cães desta raça sejam perigosos, mas devido a um número substancial de casos que fez a sua má fama, é perfeitamente razoável que os evitemos. Sendo assim, longe de serem imorais, determinados preconceitos podem servir como nortes morais, já que nos aproximam do bem da vida, e dos seus consectários, como o instinto de auto-preservação, que é o princípio basilar da moral. Por conseguinte, o preconceito ao cão pitbull não pode ser imoral. Pelo contrário, ele tende a ser moral. Todo tipo de preconceito que se aproxima da norma da prudência tende a ser, igualmente, moral.
Entretanto, em teoria o preconceito em si não pode ser bom nem mau, pois tudo depende do caso concreto a ser enfrentado, e tal valor somente pode ser tomado na medida em que se afastar ou não da reta razão. Quando se aproxima da reta razão, o preconceito é certo e moral. Quando se afasta, o preconceito é errado e imoral. Deste modo, seu valor, em regra, só pode ser medido na prática. O erro moral do preconceito não está no objeto, mas no sujeito. Como assim? O erro na formulação deste tipo de preconceito não está no próprio preconceito, mas na pessoa que o comunica, quando visivelmente o faz para mascarar sentimentos de ódio irracional. O erro, assim, não está no preconceito, mas na comunicação.
Na mesma medida em que é tola uma pessoa que faz o mau uso de um preconceito, é sábia aquela pessoa que faz bom uso de preconceitos. De um modo geral, entretanto, arrisco em afirmar que há sabedoria na maioria dos preconceitos.
GENERALIZAÇÃO. REGRA E EXCEÇÃO. EXCEÇÃO E REGRA
Muitos são aqueles que afirmam que não se pode generalizar, e, portanto, preconceituar, pois existem exceções. Chegam a afirmar que toda generalização é burra, como se esta afirmação ambígua não fosse em si uma generalização (!)
Generalizações, no entanto, são práticas inevitáveis e consistentes com a experiência e a observação. O raciocínio científico invalida o argumento em defesa das exceções, pois o pensamento científico encontra consistência quando se demonstram regras e não exceções. O problema de quem pensa que toda generalização seja burra é estar justamente na contramão do pensamento científico. Pois estas pessoas não raciocinam através das regras, mas através das exceções. Vejamos por exemplo o que acontece com a produção de uma vacina. Quando um cientista busca uma vacina contra determinada doença, certamente estará ciente que haverá pessoas que não desenvolverão anticorpos com a introdução da vacina em seu organismo, mas o seu raciocínio funciona no sentido de que a maioria das pessoas deverá desenvolvê-los e não de que a minoria não irá desenvolver. Assim, mesmo que a eficácia da vacina não seja completa, ela é parcialmente válida. Quando, ainda, fazemos uma pesquisa, manipulamos dados estatísticos, que dão uma indicação próxima da realidade. Isso é generalizar.
Deste modo, cai por terra o argumento dos "não-generalizadores" de quererem se guiar pelas exceções, pois tal raciocínio está na contramão da ciência e do bom senso, pois nenhum cientista busca tirar conclusões da eficácia de determinada vacina com base em exceções. Tampouco as conclusões estatísticas podem ser invalidadas por existirem exceções. Regras são regras, e exceções não guiam nossas conclusões.
Entretanto, a mídia, obsequiosa à atmosfera do marxismo cultural e também maldosamente, manipula a opinião pública invertendo tal lógica. Fazem da exceção a regra e da regra a exceção.
Um exemplo são crimes motivados por homofobia. Crimes motivados por homofobia são raros e episódicos. A maior parte dos homossexuais é vítima de seus próprios parceiros. Apesar disso, quando há um crime motivado por homofobia, a mídia não hesita em apresentá-lo com uma superexposição tal como retratasse a regra, embora seja uma exceção. Já quanto à questão da doação de sangue por parte dos homossexuais, que estatisticamente formam uma proporção maior de contaminados por AIDS comparada a sua população geral[3], embora o contágio seja regra nesses grupos, a mídia chega a cogitar haver preconceito, apresentando a transmissão de AIDS via sexo anal como exceção. Trata-se, pois, de uma verdadeira operação de maquiavélica inversão lógica.
ARGUMENTUM AD IGNORANTIAM
Richard Weaver, em seu ensaio “Life without Prejudice” de 1965, expôs brilhantemente que a acusação de “preconceito” é formulada usualmente para impedir um julgamento, valendo-se doargumentum ad ignorantiam.
Significa isso um argumento endereçado à ignorância. Aqueles que são culpados do argumentum ad ignorantiam professam a crença em algo porque seu oposto não pode ser provado, ou afirmam a existência de algo porque a coisa pode possivelmente existir. Exemplo: se é possível que exista vida em Marte; portanto, vida realmente existe em Marte. Outro: você não pode provar pelo método estatístico e quantitativo que homens não são iguais. Portanto, eles são iguais. Você não pode provar que os homens são naturalmente maus. Portanto, eles são naturalmente bons. E assim em diante.
Falando genericamente, esse tipo de raciocínio falacioso procura tirar vantagem de um oponente confundindo o que é abstratamente possível com o que seja realmente possível ou o que realmente exista. Expressado de outra forma, ele substituiria o que é possível crer em teoria pelo que nós temos algumas bases, muito embora não decisivas, sobre o clamor de que o segundo não pode ser provado, removendo, assim, o “preconceito”.[4]
PRECONCEITO SÃO SEMPRE NÃO-RAZOÁVEIS POR SEREM IRRACIONAIS?
O Professor de Lógica, em Princeton, John Grier Hibben, explicou pelos idos de 1911 que nem sempre o preconceito é um julgamento não-razoável. Segundo ele, o preconceito é simplesmente um julgamento não pensado. Um julgamento não-razoável, prossegue, é, obviamente, contrário à razão e, portanto, a própria razão deve repudiá-lo. Mas o julgamento que é simplesmente não pensado pode provar no curso dos eventos ser eminentemente razoável, e como tal até em sua forma não pensada pode servir a um propósito mais útil em nosso pensamento.[5]
Como ele destaca com brilho:
Esses julgamentos são absolutamente indispensáveis na economia de nossa vida mental. Se nós excluíssemos todos os julgamentos que não são acompanhados por uma prova satisfatória de sua validade, um desperdício tremendo de tempo e energia inevitavelmente resultaria. Por isso é uma lei fundamental de nossa atividade intelectual que o processo da razão pelo qual nós chegamos em certas conclusões freqüentemente perdem-se da memória: mas as conclusões mesmas permanecem como um permanente depósito de conhecimento.”[6]
Com efeito, o ser humano não é uma máquina nem um computador. O ser humano não tem a capacidade de armazenar por toda vida todo tipo de conhecimento. O ser humano não é só razão.Ele é impulso e toma decisões pautadas não somente na razão. Caso as decisões do ser humano fossem apenas de fundo racional, estaríamos numa utopia racionalista e os seres humanos não seriam mais humanos, mas computadores.
O QUE É ESTEREÓTIPO?
O preconceito é muito aproximado da idéia de estereótipo. Um estereótipo não é o preconceito em si, mas uma conseqüência do preconceito. O preconceito é a causa, enquanto o estereótipo é o efeito. Estereotipar significa dar forma mais ou menos fixa ou inalterável sobre objetos em observação. Ora, o estereótipo comumente se baseia num juízo formado acerca de determinado fato pela sua observação sistemática e repetitiva.
Trago aqui a opinião do sociólogo Steven Goldberg:
O estereótipo é originado de alguma realidade; não é arbitrário. [ ] Estereótipos são figuras abstraídas da realidade; elas são versões da quintessência da realidade e devem representá-la.Isso não quer dizer que estereótipos não podem mudar; eles podem mudar, tanto quanto as realidades que eles representam.”[7]
[...]
Nenhum estereótipo é 'arbitrário' ou incorreto como observação; todo estereótipo é 'real' naquilo que observa como comportamento ou propensão que é, em realidade, mais associado com o grupo estereotipado do que com outros grupos (quais sejam suas causas).”[8]
[...]
Ignorar o estereótipo para pretender que não seja verdade no sentido que nós discutimos, ou assumimos sem evidência que o comportamento observado deva ter uma explicação puramente social, é proceder na direção oposta daquela que a ciência reclama. A ciência reclama que nós façamos observações e então tentemos explicá-las pela evidência, não pelo desejo e ideologia.”[9]
PRECONCEITO ENQUANTO TÉCNICA DE ENGENHARIA SOCIAL
Richard Weaver afirma que são as doutrinas de Moscou as fontes e origens da grande pressão para erradicar o “preconceito”.[10] Segundo este estudioso, os militantes comunistas fazem isso para produzir um ceticismo social generalizado para que, logo a seguir, possam impor uma reconstrução dogmática no mundo.[11] Ele afirma, igualmente, que o objetivo destes comunistas é transformar o povo em massa e apagar aquelas distinções que são a expressão desta idéia[12], sejam elas de ordem econômica, moral, social ou estética[13]. John Grier Hibben destaca que amamos ou detestamos alguém pelos seus preconceitos. Extrair os preconceitos de alguém é fazê-lo um depósito de lugares-comuns. A individualidade, segundo o Professor Hibben, é a projeção de nossos preconceitos. Remova os preconceitos e o indivíduo é diluído na multidão. Caráter sem um traço de preconceito é insípido e um indivíduo assim tomado perde intensidade de convicção[14].
A guerra aos preconceitos é, como vemos, uma operação mental de anulação da individualidade e socialização do indivíduo.
Mais uma vez o Professor Hibben:
São também os preconceitos que sublinham o caráter, o preconceito do bom senso e do bom gosto, que freqüentemente opera como um salva-guarda contra as tentações da razão; pois a razão tem suas tentações, assim como as paixões – não verdadeira razão, mas o sutil casuísmo da razão.”[15]
A idéia engendrada de privar a sociedade de preconceitos é, na verdade, a de transformá-la numa massa passiva de cidadãos covardes, débeis, sem espírito criativo, reprodutores de lugares-comuns. A ideologia igualitária subjacente a uma sociedade sem preconceitos exige isso anulando o indivíduo ao massificá-lo. A moral desaparece, pois a ética da igualdade passa a encadear as relações sociais. Eis então uma sociedade sem virtude, sem brilho e sem heroísmo. Como acentua o Professor Hibben, “se a natureza humana fosse privada do preconceito, os épicos da moralidade nunca seriam escritos.”[16] Thedore Dalrymple afirma que “o homem sem preconceitos, ou especialmente, o homem que se declara como tal, é um homem que fica apavorado de ser pensado primeiro dogmático, e segundo, tão fraco de mente, tão desprovido de individualidade e poder mental, que não pode pensar por si mesmo. Por suas opiniões, ele tem que retroceder em fragmentos de sabedoria, ou mais propriamente insensatez, que constitui o preconceito.”[17]
Uma sociedade sem preconceitos é uma sociedade infantil, pois a criança não possui experiência quando instada a tomar decisões rápidas e impensadas, e, desta forma, seus preconceitos são precários. Pela falta de experiência, a criança escolherá sempre a mesma coisa, a coisa que lhes seja mais imediatamente atrativa ou gratificante. Assim, uma sociedade sem preconceitos é uma sociedade previsível e mais facilmente governável, em outras palavras, mais fácil de ser enganada.
A ÉTICA POR TRÁS DO COMBATE AO PRECONCEITO
A ética por trás da guerra ao preconceito é o igualitarismo. Os socialistas querem inculcar nas mentes das pessoas que estas são iguais entre si e que entre elas não deve haver diferenças, e, portanto, preconceitos.
Os pré-julgamentos são fundados geralmente na experiência e observação, o que vem a nortear futuras decisões. O igualitarismo é, portanto, inimigo da moral e das mais finas tradições. Ele iguala o bem ao mal e vice-versa, destruindo a moral. Ele rompe com os fundamentos da sociedade, revolucionando os costumes. Pode-se interpretar que a ética da igualdade venha a suplantar os antigos preconceitos.
Logo, podemos concluir que tal ética, por afrontar a natureza humana, só pode vir à tona através de uma ditadura totalitária, cujas conseqüências já conhecemos de bom tempo da União Soviética, China, Camboja, Cuba etc.
DECISÕES ARBITRÁRIAS BASEADAS EM PRECONCEITOS CORRETOS
Da mesma forma que existem decisões justas baseadas em preconceitos, existem decisões arbitrárias baseadas em preconceitos. O aborto é um exemplo. Muitos nazistas costumam pré-julgar o futuro de um feto de um favelado predestinando-o ser um futuro bandido, ou pedinte ou ter um futuro desastroso que comprometa a sociedade, a fim de justificar tal crime. Para tanto, chegam a apresentar pesquisas respaldando a premissa de que o aborto diminui o crime, o que pode ser até correto. O Governador do Rio mesmo defendeu o aborto como instrumento de política criminal.[18]Assim, um preconceito pode ser correto na maioria das vezes, mas a decisão política nele fundamentada pode ser errônea. Uma coisa é o pré-julgamento ser correto. Outra coisa é a decisão baseada neste pré-julgamento. São duas coisas diferentes. Um preconceito pode, deste modo, fundamentar decisões corretas e também decisões arbitrárias. Isto, por si, não desmerece a necessidade dos preconceitos.
PRECONCEITO: POTÊNCIA. DISCRIMINAÇÃO: ATO
Um artigo escrito pelo Padre Luís Carlos Lodi em 2001, chamado “(Des)orientação Sexual[19], é muito preciso sobre a necessidade de se discriminar. Ele destaca neste artigo que discriminar é preciso:
A discriminação é uma das práticas mais normais da vida social. Todos nós a praticamos dia a dia. Ao aplicar uma prova, o professor discrimina os alunos que tiraram notas altas daqueles que tiraram notas baixas. Aqueles são aprovados. Estes são reprovados. Ao escolher o futuro cônjuge, as pessoas geralmente fazem uma discriminação rigorosa, baseadas em diversos critérios: qualidades morais, inteligência, aparência física, timbre de voz, formação religiosa etc. Entre centenas ou milhares de candidatos, somente um é escolhido. Os outros são discriminados. Ao selecionar seus empregados, as empresas fazem uma série de exigências, que podem incluir: sexo, escolaridade, experiência profissional, conhecimentos específicos, capacidade de relacionar-se com o público etc. Certos concursos para policiais ou bombeiros exigem, entre outras coisas, que os candidatos tenham uma determinada altura mínima, que não ultrapassem uma certa idade e que gozem de boa saúde. Todos esses são exemplos de discriminações justas e necessárias.
Outros poderiam ser dados. O ladrão que é apanhado em flagrante é preso. A ele, como punição pelo furto ou roubo, é negada a liberdade de locomoção, que é concedida aos demais cidadãos. A prisão é um lugar onde, por algum tempo, são discriminados (com justiça) aqueles que praticaram atos dignos de discriminação.”
Em verdade, a ausência de discriminações tornaria a sociedade tão promíscua quanto insustentável.
Sabemos, no entanto, que na prática é impossível o ser humano viver sem julgamentos, especialmente aqueles estéticos e morais do tipo que não possam ser deduzidos somente dos fatos.
O preconceito, assim como também o conceito, são potências das quais a discriminação é mero ato.
ORIGEM HISTÓRICO-FILOSÓFICA DA GUERRA AO PRECONCEITO
Embora o marxismo cultural tenha oferecido maior consistência na luta contra os preconceitos, as origens desta guerra ao preconceito são mais remotas. O Iluminismo inaugurou uma era em que a razão foi colocada num pedestal para adoração. Impôs-se no contexto filosófico ocidental, o paradigma de que o conhecimento deveria exigir certeza, libertos dos modos habituais de compreensão. Dá-se o triunfo do empirismo e a rejeição, a partir de então, qualquer tipo de juízo não fundamentado na razão, tais como lições religiosas e também os preconceitos, os primeiros qualificados como superstições e estes últimos depreciados como errôneos, infelizes ou expressões de menoridade humana, podendo ser evitados através de uso disciplinado e metódico da razão. Em suma, se o conhecimento não for certo e comprovado é descartado. O parâmetro que mede o conhecimento não é mais sua verdade, mas sua experimentação.
Foi, então, a partir do Iluminismo que o conceito de preconceito se tornou pejorativo, especialmente com o cartesianismo.
O filósofo Gadamer rejeita esta concepção iluminista de levar em consideração apenas a razão em-si e por-si-mesma. Segundo ele, os preconceitos não podem ser rechaçados em virtude da finitude, historicidade e limitação da compreensão humana. Para ele, trata-se de um otimismo ingênuo a idéia segundo a qual pensar por si mesmo significa nada receber ou tudo reconstruir a partir de um grau zero do pensar, ou seja, anular a sua subjetividade histórica.
É um fato que a compreensão humana parte sempre de conceitos prévios, que devem explicitar-se e, se não se confirmarem, devem ser substituídos por outros mais adequados[20].
ANIMAIS TAMBÉM NUTREM PRECONCEITOS
Um exemplo clássico de preconceitos entre animais é o experimento de Pavlov[21], que acabou por desnudar os preconceitos entre animais. De acordo com tal experimento, Pavlov utilizou a resposta de salivar de cachorros para estudar um tipo de aprendizagem. Pavlov sabia que os cachorros salivavam naturalmente na presença da comida. Ele então chamou a comida de “Estímulo Incondicionado” e a salivação de “Resposta Incondicionada”. Esta correlação entre o estímulo incondicionado e a resposta incondicionada Pavlov chamou de “Reflexo Incondicionado”.
Um estímulo neutro, que inicialmente não era capaz de produzir a resposta de salivar, era então apresentado ao animal imediatamente antes da comida. Depois de uma série de pareamentos dos estímulos, os animais eram então capazes de aprender uma associação entre este estímulo neutro e o estímulo incondicionado. Desta forma o estímulo neutro foi chamado de estímulo condicionado, pois condicionou o animal a fazer uma associação. Este tipo de aprendizagem Pavlov chamou de “Reflexo Condicionado”.
Posteriormente Pavlov mudou tanto os estímulos condicionados (utilizando sinos, por exemplo) quanto os estímulos incondicionados (outros tipos de comida), chegando nos mesmos resultados.
É interessante observar que este cientista deduziu esta forma de aprendizagem quando os animais salivavam em sua presença, mesmo sem a comida, o que sem dúvida nenhuma é uma reação preconceituosa.
Fato é que bastava um estímulo para se ter uma reação pré-concebida. Tanto o reflexo condicionado quanto o incondicionado tornaram-se preconceitos entre aqueles cães de que haveriam que degustar comida. Nada implicava que os cães realmente iriam comer, mas ao escutarem os estímulos reagiam preconceituosamente. Reflexos condicionados ou incondicionados sem dúvida nenhuma são espécies de preconceitos.
ALGUNS EXEMPLOS DE PRECONCEITOS
Quando você vê um negro, logo imagina que ele torça para o Flamengo, ainda que ele não torça realmente para esse time, este preconceito é fundado na experiência, uma vez que a composição racial da torcida flamenguista é visivelmente majoritariamente negra.
Preconceitos não necessariamente são com pessoas, mas também com situações. Por exemplo, quando saímos de casa com guarda-chuva, ao nos depararmos com nuvens escuras bem carregadas tapando o sol, associamos aquilo a uma probabilidade de chuva, e logicamente nos acautelamos em acordo.
Uma investigação policial é farta em preconceitos, pois a maioria das presunções e deduções são feitas a partir de pistas deixadas pelo criminoso, que acabam por servir à polícia para interpretações com reflexão imperfeita. Deste modo, da mesma forma que o preconceito ajuda a salvar, ajuda a condenar.
Um exemplo clássico de preconceito é o de uma pessoa apressar seu passo por ver uma pessoa de má aparência seguindo-a. Ela não vai andar devagar para possivelmente ser assaltada, mas vai apressar o passo para evitar o assalto. Portanto, o preconceito é absolutamente natural e instintivo.
PRECONCEITO COMO DIREITO NATURAL
Preconceituar é inevitável. Muitas das vezes uma inclinação instintiva, operando como um mecanismo de auto-defesa. Exemplos são inúmeros. Quando escolhemos previamente determinados locais a serem freqüentados ou pessoas a serem evitadas. Baseando-se na idéia de estereótipo, o ser humano tira conclusões antecipadas sobre determinado objeto e, com tais conclusões psiquicamente enraizadas, tende a tomar rápidas e objetivas decisões. Assim, o preconceito serve como norma de prudência para onde quer que rumamos.
CONCLUSÃO
Um grande malefício no combate aos preconceitos é o de minar a capacidade reflexiva do ser humano, por censurar seu espírito crítico. A capacidade crítica do ser humano é condicionada por certas barreiras que ele não pode romper, sob pena de chegar a conclusões ideologicamente indesejadas.
Para encerrar, consignemos algumas palavras tecidas por Edmund Burke em “Reflexões sobre a Revolução na França” a respeito do preconceito:
Preconceito é de pronta aplicação na emergência; ele previamente engaja a mente em um curso fiel de sabedoria e virtude, e não permite que o homem hesite no momento da decisão, cético, embaralhado e não-resolvido. Preconceito torna a virtude de um homem seu hábito; e não uma série de atos desconexos. Através de preconceito justo, sua responsabilidade se torna uma parte de sua natureza.”[22]


[1] Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa, Antônio Geraldo da Cunha, p. 629
[2] DALRYMPLE, Theodore. In Praise of Prejudice. Brief Encounters. p. 20.
[3] No Brasil, são em torno de 28% de contaminados para uma população de apenas 1%.
[4] WEAVER, Richard. Life Without Prejudice and other essays. Henry Regnery Company. pp. 06-07.
[5] HIBBEN, John Grier. A Defense of Prejudice and other essays. Charles Scribner’s Sons. p. 02.
[6] Idem. pp. 02-03
[7] GOLDBERG, Steven. Why Men Rule. p. 105
[8] Ibidem, p. 207-208.
[9] Ibidem, p. 198-199.
[10] WEAVER, Richard. Life Without Prejudice and other essays. Henry Regnery Company. p. 02.
[11] Idem.
[12] Ibidem, p. 03.
[13] Idem.
[14] HIBBEN, John Grier. A Defense of Prejudice and other essays. Charles Scribner’s Sons. p. 13.
[15] Idem, 14.
[16] Idem, 15.
[17] DALRYMPLE, Theodore. In Praise of Prejudice. Brief Encounters. p. 04.
[19] Disponível em <http://www.providaanapolis.org.br/desorsex.htm> Acesso em 10/06/2011
[21] Disponível em <http://fotolog.terra.com.br/neuroscience:53> Acesso em 10/06/2011
[22] BURKE, Edmund. Reflections on the Revolution in France. Penguin Books. p. 183.