quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Médica acusada de 10 mil abortos é encontrada morta

Ex-dona de clínica de aborto é encontrada morta.

Neide Mota Machado tinha uma clínica de aborto no centro de Campo Grande.
Neide foi encontrada morta em uma chácara no Parque dos Poderes, próximo à UNIDERP Agrárias, em Campo Grande. A ex-anestesista estava dentro do carro dela.
Aparentemente, ela cometeu suicídio através de uma injeção, mas só os legistas poderão confirmar a causa da morte.
Um ex-namorado de Neide contou que ela costumava ir àquela chácara buscar leite.
Apesar da clínica dela ter funcionado no centro da Capital, o caso veio à tona quando uma reportagem de televisão denunciou o esquema de funcionamento da clínica.
Cerca de 10 mil mulheres podem ter feito abortos na clínica nos últimos 20 anos.

Um casal contou que encontrou a ex-médica Neide Mota Machado ainda com vida, mas grogue, a cem metros da chácara Capril Primavera, no Jardim Veraneio, em Campo Grande. Ela estava no carro Cross Fox preto, placas HSG 7958. O veículo estava parado e chamou a atenção deles o fato da ex-médica estar muito bem vestida.
Eles se aproximaram do carro e encontraram Neide com uma seringa em uma das mãos. Eles contam que ela tentou esconder a seringa e disse para eles que estava bem. "Eu estou bem, moro aqui mesmo; vim buscar leite, mas estou bem", teria dito a ex-médica.
Notando que ela estava grogue, eles pararam e ficaram observando Neide. Ela chegou à porteira da chácara e parou novamente.
Preocupados, ligaram para o Corpo de Bombeiros e em seguida foram até uma barreira da Polícia Rodoviária Federal, próximo à chácara, e comunicaram o caso.
Ao voltar ao local, ainda conforme o relato deles encontraram Neide já morta, com a seringa, na mão direita, no meio das pernas, e o carro ainda ligado. O veículo foi desligado posteriormente por um policial rodoviário federal.

O caso Neide Mota foi descoberto em 10 de abril de 2007, quando uma reportagem de TV denunciou sua clínica como local especializado na prática de aborto.
Apesar da ex-médica ter uma clínica próxima ao centro de Campo Grande, antes da reportagem nunca teve problemas com a lei.
Cerca de três dias depois, a clínica foi invadida pela polícia civil. A ex-médica havia dado uma entrevista, com uma câmera escondida e foi o início do inquérito policial.
Na clínica foram encontrados remédios para indução ao aborto, uma espingarda e um arquivo com 9.986 nomes de mulheres que passaram pela clínica em 20 anos. Na época, investigou-se se esses nomes eram usados como ameaça às pacientes, para evitar denúncias. Neide Mota também tomava outras formas para se proteger, ao fazer as pacientes assinarem um documento onde declaravam que se submetiam de livre e espontânea vontade para “tratamento de aborto incompleto”.
O assunto ganhou repercussão nacional quando foi divulgado que o Ministério Público iria indiciar todos os 9.986 nomes. Movimentos sociais reagiram negativamente, alegando que seria desperdício de tempo e dinheiro público.
Destes, cerca de 8.000 mil nomes foram excluídos do processo por prescrição e outros ainda estão sendo retirados.
Em 22 de julho deste ano, Neide Mota foi cassada definitivamente pelo CRM/MS (Conselho Regional de Medica de Mato Grosso do Sul) e perdeu o direito de exercício a medicina.
Neide Mota seria submetida a júri popular, por decisão da 2ª Turma Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul. Seus advogados haviam apresentado recurso ao STJ (Superior Tribunal de Justiça), contra a realização do júri. Enquanto o recurso não era julgado, o MPE (Ministério Público Estadual) arrolava as testemunhas, para marcar a data do júri.
Fonte: Campo Grande News